Cuidado!
Você talvez possa ser afetado por novas ideias, novas sensações, outras percepções… isso poderá ser perigoso!!!
Cuidado!Já se alimentou hoje? Ouviu suas necessidades? Presenteou-se com o respirar? O ouvir? O falar? O sentir?Cuidou-se?
Se não ficarmos atentos, “cuidar” torna-se um manual de como ser, agir e sentir…
Rompendo com essa ditadura disfarçada de cuidado, vamos refletir um pouco sobre o que pensamos e queremos enquanto um cuidado ético, singular, afetivo… Enquanto possibilidade de saúde!
CUIDAR É RELAÇÃO!
Estar em relação não é fácil, e como humanos estamos sempre em busca de contato e relação. Essa complexa rede que enveredamos e mergulhamos de formas singulares em diferentes tons, sabores, intensidades, aromas, sons… esse mergulho que é estar com o outro, aceitar o convite para conhecer um pouco do seu mundo…
Nesses diferentes encontros, nos afetamos de distintas formas que não nos são tão claras no sentir.
Assim como talvez imaginamos que sejam claras no pensar, mas.. talvez só imaginamos…
Por exemplo, temos um professor que ouvimos mais porque algo amamos mais nele; tem o amigo que ficamos mais amigos por afetos que não explicamos; tem os animais que nos escolhem e vice-versa; tem as paixões que nos avassalam sem pedir licença…
São muitas relações e suas infinitas formas, mas o que estamos querendo olhar?
Olhar para os vários que nos habitam e precisamos cuidar e, ainda, cuidar dos outros vários que também nos relacionamos!
Falamos da educação, da atenção com idosos, doentes, mulheres, negros, crianças, deficientes… e tantos outros que segmentados em alguma classificação nos dizem precisar de cuidados, mas e os outros tantos que estão fora das classificações reconhecidas e identificadas?
Será que cuidado não faz parte da relação? Dos coletivos? De nós e do outro?
Estamos num tempo que para receber cuidado é necessário ter alguma característica que seja nomeada como necessidade de atenção, delicadeza…. Ora … não somos todos nós complexos e necessitados de cuidado?
Como podemos nos colocar na relação de forma mais gentil?Será que a maior revolução que podemos propor hoje é ser mais amorosos?
Ter mais gentileza? Ser mais parceiros?Cuidar?
Não o cuidado nomeado para o lugar do incapaz, mas o cuidado no lugar da potência, da ética!
Falamos do devir, mas de certa forma nos instrumentalizamos para dar conta do devir, do caos que surge.
Será que uma nova experimentação não seria nos colocar em devir pelas trocas, afetos, e possibilidades de estar de fato com o outro?
Ficamos medíocres tentando medir, saber, investigar, imaginar, acertar… mas para experimentarmos outras possibilidades de estar na vida, precisamos do outro.
Se não, ficamos solitários, esquecemos de cuidar do outro em nós e aos outros do nosso lado!
Cuidar não é limitar.
Cuidado vai cair! Cuidado isso engorda! Cuidado isso não faz bem! Cuidado com a vida, ela pode ser prazeirosa, perigosa, apaixonante, potente, prepotente … !!!
Temos muitas formas de olhar para essa mesma palavra, seja com preconceito, impossibilidade, necessidade… Mas queremos pensar o cuidado como potência, como ética!
Uma pausa:R E S P I R A … Deixe a calma se aproximar… Perceba sua barriga, suas pernas, o peso da sua cabeça, onde seus pés estão, para aonde seus pensamentos querem ir…R E S P I R A…
Cuidar pode ser uma pausa!
Cuidar como ato de amor!
Cuidar de nossos muitos e dos outros muitos aqui ao nosso lado!
Cuidar de nossos desejos, nossas necessidades, nossas possibilidades!
Cuidar de nossos afetos para não se tornarem verdades rígidas!
Cuidar de nossos sonhos para não serem invadidos por pesadelos!
Cuidar de nossas linhas para de fato serem de fuga!
Cuidar como forma de resistência para esse tempo que só os nomeados a algo impotente precisam de cuidado.
Associamos cuidado com menos ou com controle, mas não podemos pensar o cuidar como possibilidade de inventar saúde?
Eu preciso de cuidado, e os tantos eus que habitam meu corpo precisam de cuidado… Cuidado como relação afetiva… Como acolhimento… Como possibilidade!!!!
Seja no olhar mais acolhedor, na teoria mais singular, na palavra mais dura, na guerra, na criação, no amor, na paixão, na morte, na escrita, no ser, no imaginar, no existir, no resistir… no… no… no… acontecimento!
Conseguimos trazer o cuidar para imanência… ?
Fonte: Blog Esquizografias